Exercer a Medicina é atender à vocação para executar um talento natural. A consulta médica é uma das grandes artes da Medicina. É o primeiro contato que o profissional tem com o seu paciente que, por vezes, dá início a um relacionamento que perdura por toda a vida. Portanto, no ato da consulta, o médico deve sempre, conforme o Juramento Hipocrático, usar todas as forças e o melhor de sua capacidade, além de agir de forma honesta, clara, ética, responsável e efetiva. Para isso, deve usar todos os critérios aprendidos para uma anamnese bem-feita, aprofundar os questionamentos individuais e familiares ao examinado, seu passado de saúde, suas internações pregressas ou cirurgias realizadas. Enfim, tudo que possa nos levar a uma ideia de diagnóstico para se instituir um tratamento ou conduta adequada.
Numa segunda fase, após o raciocínio clínico e havendo necessidade, solicita-se exames complementares, tais como os laboratoriais, de imagens simples ou mais complexos. Tudo para auxiliar e jamais substituir o exame clínico, a fim de chegar ao diagnóstico.
O advento de novas tecnologias trouxe maravilhosos avanços em relação ao dianóstico; porém, o que vem acontecendo é um excesso de solicitações de exames complementares. Chegamos a ver colegas que solicitam, acreditem, em torno de 60 exames complementares e de radiologia, de última geração, numa primeira consulta a pacientes jovens, sem maiores queixas que os justifiquem. Essa falta de bom senso está minando a arte da consulta! Para os pacientes, fica a ideia equivocada de que o bom médico é aquele que pede exames, o que desvaloriza e desestimula a mais antiga das artes da Medicina - a consulta. Além de gerar custos extraorldinariamente elevados para os pacientes e onerar os convênios, inviabiliza, muitas vezes o merecido reajuste no valor das consultas. Por tudo isso, não é exagero chamar a análise criteriosa dos relatos do paciente, mais o uso de exames na medida certa, de arte médica.
escrito por: Dr. Alfredo de Freitas Santos Filho - Conselheiro do Cremesp.
extraido do Jornal do Cremesp nº 318 de setembro de 2.014